quinta-feira, agosto 31, 2006

Novamente Veja

Então amigos, mais uma vez a nossa querida revista Veja. Acho imperdível essa de um jornaleiro (no sentido literal da palavra) que parou de vender a revista. Segue na íntegra um artigo do Fazendo Media, vale a pena.


 


 


"É CHEGADA A HORA DE MODIFICAR A REALIDADE"

Entrevista com o jornaleiro que decidiu parar de comercializar as revistas Veja, Época e Primeira Leitura


Trinta e três anos, jornaleiro há nove. Proprietário da banca que fica num movimentado ponto de Porto Alegre, Fábio Marinho tomou uma decisão: não vai mais vender a revista Veja. "Não é mais possível ficarmos esperando que os outros venham fazer algo por nós (...). Todos somos, de alguma forma, responsáveis pelo mundo em que vivemos". Fábio está se formando em História e comunicou sua decisão em carta enviada ao jornalista Hamilton Octávio de Souza e publicada na revista Caros Amigos de julho (leia a íntegra aqui). Sua esperança é, como conta nessa entrevista, contribuir para que outros jornaleiros "também tenham uma tomada de consciência e percebam a importância de seu trabalho na sociedade e tomem iniciativas, por pequenas que sejam, que contribuam para pormos um fim a este avanço dos liberais, ou neoliberais, se preferir, que só tem trazido sacrifícios para a grande maioria da população". Seu endereço eletrônico é: marinho147@hotmail.com. E seu endereço físico, pra quem quiser fazer uma visita, é o número 100 da Rua Dom Diogo de Souza, Cristo Redentor.


Entrevista concedida a Marcelo Salles - salles@fazendomedia.com


Há quanto tempo você trabalha como jornaleiro?

Tenho 33 anos, sou jornaleiro há nove anos, sempre como proprietário e no mesmo ponto de venda.

Qual o perfil dos seus clientes?

O perfil de meus clientes é variado devido ao fato de minha banca ficar próximo a um terminal de ônibus que atravessa a cidade de norte a sul e na frente de uma instituição de ensino particular. Então, atendo desde o desempregado sem perspectiva até ao empresário de sucesso; atendo pessoas de todas as classes econômicas.

Por que a decisão de parar de comercializar a revista Veja?

A gota d'água que me fez parar com a Veja foi uma "reportagem" sobre o presidente venezuelano Hugo Chávez, onde ele era retratado como um tiranete, um ser exótico, só que tudo era escrito num tom muito ofensivo, sem o menor respeito por um presidente de Estado, de uma nação soberana, eleito pelo voto popular. Aí eu pensei: a Veja foi longe demais. E tomei a decisão de não vendê-la novamente. Mas era uma decisão que vinha sendo amadurecida desde a época do "escândalo" do jornalista [Larry Rother], aquele que chamou o Lula de bêbado, quando a Veja fez uma série de reportagens tentando afirmar a mesma coisa. Olha, não sou lulista, mas a Veja foi desrespeitosa naquele momento, e comecei a pensar em não vendê-la. Essa decisão foi levada a termo a partir da tomada de consciência de que não é mais possível ficarmos esperando que os "outros" - ou o Lula, ou o "salvador" - venham fazer algo por nós, e de que todos nós, de alguma forma, somos responsáveis pelo mundo em que vivemos. Então, na minha opinião, é chegada a hora de fazermos algo para modificar a realidade que nos cerca; o que eu posso fazer é isto, então fiz.

Sua decisão se estende a alguma outra publicação ou é restrita à revista Veja?

A revista Época recebe um tratamento semelhante, embora há menos tempo, a partir da crise do "mensalão" (um ano, não é?). Também não sou petista, mas é fato que a revista forçou a barra, se calou durante os anos FHC e agora resolve praticar jornalismo investigativo? Dá licença! A revista Primeira Leitura [que fechou as portas em junho] também recebia tratamento semelhante, nem preciso dizer por quê, né?

Isso não pode prejudicar o seu trabalho, visto que a Veja é uma das publicações mais vendidas e que, portanto, gera grande retorno à banca?

Sobre perder vendas, bem, entre ganhar dinheiro com a Veja ou perder algumas vendas e contribuir para que os meus clientes descubram a Caros Amigos, a CartaCapital, a Reportagem, fico com esta segunda opção, sem falar no componente ético que em mim é muito forte.

Você não corre risco de sofrer algum tipo de boicote pelo mercado editorial como um todo, ou pela editora Abril em especial?

Realmente não dá mais para agüentar a Veja. Olha, não temo boicote, mas estou surpreso com a repercussão. Recebi vários e-mails de pessoas me cumprimentando e elogiando minha atitude. Vamos ver como a [editora] Abril vai reagir. Se me boicotarem, espero contar com sua ajuda para denunciarmos mais uma da Abril.

O que você gosta de ler, entre livros, jornais, revistas e sítios na internet?

Estou me formando em História e, portanto, gosto de tudo que esteja relacionado à política, teoria e educação. Afora isto, gosto dos grandes escritores nacionais como Machado de Assis, Guimarães Rosa, João Cabral de Mello Neto, Érico Veríssimo, Mário Quintana. Enfim, ler é meu vício. Revistas eu não leio muito por ter pego o vício de ler um livro inteiro de um autor e tentar entender suas teses. As poucas revistas que leio são Caros Amigos, CartaCapital e Reportagem e só. Jornal aqui no sul não tem um que preste, pelo menos que eu conheça. Infelizmente não consegui leitores para o Brasil de Fato e a distribuidora cortou meu reparte, de modo que evito ler jornais. De internet eu não gosto muito não, só utilizo para correspondência e downloads.

Pelo que você observa entre seus clientes, há uma insatisfação com as publicações da grande imprensa? Você acredita haver espaço entre os leitores para publicações com linhas editoriais que destoam da mídia hegemônica?

Pois é, já está tão difícil vender as revistas alternativas... não sei se há espaço para novas publicações. Se você já esteve em alguma edição do Fórum Social Mundial, deve ter percebido que a indignação é maior do que a gente pensa, mas daí a sustentar uma nova revista eu já não sei, minha percepção de jornaleiro é que não, mas estou vendo a situação de um ponto de observação muito restrito que é minha banca.

Por favor, esteja à vontade para acrescentar qualquer outra informação que julgue relevante.

Olha, escrevi aquela carta para o Hamilton Octávio de Souza na esperança de vê-la publicada e que outros jornaleiros como eu fizessem algo parecido. A minha categoria é muito desunida e o sindicato (pelo menos aqui em Porto Alegre) trabalha para mantê-la desunida. Assim, espero que outros também tenham uma tomada de consciência e percebam a importância de seu trabalho na sociedade e tomem iniciativas, por pequenas que sejam, que contribuam para pormos um fim a este avanço dos liberais, ou neoliberais, se preferir, que só tem trazido sacrifícios para a grande maioria da população.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Como não, porra?



"Mulheres sauditas querem permissão para jogar boliche e bilhar

Publicidadeda Ansa, em Riad

As mulheres sauditas aguardam uma resposta à solicitação de criar estruturas recreativas femininas, que deverão ter pistas de patinação no gelo, boliche e mesas de bilhar, todas atividades amplamente disponíveis para os homens na capital saudita.Funcionários dos distritos municipais de Riad declararam ao jornal "Asharq al Awsat" que a decisão de autorizar a construção destas estruturas ainda não foi aprovada."

GO WOMEN, GO!
elas merecem.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Ah, a guerra.


"from under the lebanese earth
more than 1500 persons are asking themselves


why?"



57 morrem, Líbano sofre novos ataques, mais 28 morrem, cessar-fogo, quebra do cessar fogo, jornais (mea culpa) mostram as notícias do jeito mais básico e não crítico possível, "ah, morreram tantos hoje, e George W. Bush diz que Israel tem o direito de se defender", mais alguns morrem ("ah, mas o que é mais uma dúzia de mortos no meio de uma guerra, quem se importa?").
O fato é: existe um conflito, pessoas morrem, e outras ficam vivas. O relato das vivas é o que me importa, no momento. O relato daqueles que vêem o sofrimento, os que sabem o que acontece, os que acordam (quando dormem) à noite com tiros e explosões. Descobri esses dias o blog de um libanês de 30 anos, Mazen Kerbaj. Ele é desenhista e músico, e recentemente se tornou famoso na internet com seu blog e seus desenhos que mostram uma visão (des?)humana do conflito. No blog, seus desenhos e comentários falam do cotidiano entre explosões, das mortes e dos acontecimentos que ele vê na guerra.

terça-feira, agosto 22, 2006

Mais um almoço no R.U., naqueles quinze minutos em que esperamos a Julia terminar de comer, enquanto todos já acabaram.

- Julia, você tá usando brincos direto agora.
- É que ela resolveu assumir o lado mocinha e patrícia. O próximo passo é comprar um nike shox.
- Fazer progressiva.
- ALGUM PROBLEMA COM QUEM FAZ PROGRESSIVA, THAÍSE?! - me revolto.
- E depois uma calça Diesel de R$1200,00. Gente, vocês têm noção que essa calça é produzida no Brasil e tem o custo de nove dólares?
- Mas é assim, mesmo.
- Flávia, mas é produzida no Ceará!!! Nove dólares!!!! Mil reais!!!!! (Chatô se debate no túmulo agora)
- Sim, é verdade. Tem uma indústria de jeans aqui no Paraná, não é em Cianorte mas é numa cidade do tipo, que produz as calças de marca a R$5,00 e quando você vai comprar, paga R$500,00.
- A Nike só produz a etiqueta.
- Os bonés Von Dutch custam três dólares nos Estados Unidos, e aqui esses retardados pagam duzentão.
- Essa juventude tá perdida.
- Gente, deixem eu participar da conversa porque o Chico e o Lucas estão falando sobre hipopótamos e o Chico acabou de dizer que tudo que é gordo, é saboroso.
(Risadas ao lembra da famigerada história de Jacarezinho e o Baile do Texas)
- Vocês sabem como eles fazem a modelagem de calça jeans? Eles pegam uma modelo e tiram a partir das medidas dela o número 38. A cada dois centímetros, aumenta um manequim, aí. Isso é um absurdo, meu!
- Porra, mas eu uso 38. Deve ser a partir do 36 ou 34.
- Que seja, não deixa de ser um absurdo.
- Tem calça que eu tenho que comprar 34, outras 38.
- Eu uso 38.
- Eu uso 36.
(Nesse momento, olho para Naiady e só dou risada. Eu é que não revelo o meu!)

Não lembro se esse assunto morreu aí, só sei que em um momento, Thaíse começou a fazer a trilha sonora de Psicose, e eu me lembrei de um episódio de Friends.

- Porra, vocês vocês lembram daquele dia que a Phoebe fez essa musiquinha? É bem legal.
- Eu tô com um episódio de Friends gravado, é o mais legal. O que a Rachel se apaixona pelo Joooooshua. Aí ela pega a carteira dele e fica "Hi, Joshua. How are you DOIN'?" igual o Joey ensinou e que fez a Phoebe ficar toda "HIHIHIHI".
- Os mais legais são os seguintes: o dia que o Ross e a Mônica ensinam o gesto que significava "fuck you", o dia em que a Rachel e o Ross terminar e ele finge que tá chorando "snif snif snif, FINE BY ME!!!!" e quando depois ela diz que "and just so you know it: it's not normal and it doesn't happen to every guy!" e o Chandler grita "I KNEW IT! I KNEW IT!!!!".
- E o dia que a Pheobe e o Mike mudam de nome? O dela era como, mesmo? Princess algumacoisa Banana...
- O dele era Mr. Crap Bag. "Hi, this is my boyfriend...Crap Bag."
- Princess Consuelo Banana Hammrock
- Isso!
- Pronto, Julia?
- Pronto.
- Então vamos pra graminha.



domingo, agosto 20, 2006

Leituras dominicais...

Ora ora... hoje eu, como uma "ótima" estudante de jornalismo, estava dando uma folheadinha pela nossa idolatrada revista Veja. Lá pelo meio da revista, deparei-me com mais um exemplo do passatempo favorito desse nosso querido periódico: a distorção dos fatos. Eu não me lembro exatamente qual era a manchete, mas a reportagem era sobre a doença de Fidel Castro e o problema da sucessão em Cuba. Todos nós sabemos que, lá em Cuba, só tem comunista comedor de criancinha, né gentem? Então, a submanchete (gravata, acho eu) falava sobre como resolver o problema do "roubo de bens" que sofreu a população na época do golpe (palavra meio delicada também né... mãss). Quer dizer, a revista falava mais especificamente em "bens roubados pelos comunistas". E todo mundo sabe que roubo é levemente diferente de confisco e até de furto. Contudo, o jornalista responsável pela matéria que, por sua profissão, tem a obrigação de conhecer o padrão normativo da escrita "esqueceu-se" dessa diferença. E, é claro, usou o verbo que favorece a sua visão e a de seu veículo. Mas, vamos deixar isso de lado! O povo nem percebe né!

Vamos falar do que importa...

AIIIII MENINAS! Vocês viram que a Madonna foi ameaçada de seqüestro pela máfia russa! (são essas notícias as que realmente importam...)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Um post menos engraçado

Acho ingenuidade confundir gostar de Jornalismo com gostar do nosso curso. No primeiro semestre aconteceu uma coisa engraçada: seis matérias, vinte horas, todas as manhãs e noites mas apenas uma valia a pena. Quatro horas por semana em aula e mais três no bar da Tia Massako para compensar todo o resto. E eu acho que dava certo.


Agora, vinte e duas horas obrigatórias, turma dividida e pessoas menos irresponsáveis. Mais aulas e distração nenhuma além de passar o tempo na graminha do R.U., depois do almoço (e nem isso podemos, nesses dias chuvosos). Nós sobrevivemos às férias e formamos um grupo. Somos independentes e nos ajudamos.


Blábláblá. (somos engraçadas e lindas). Clichês e um pouco mais.


Agora alguém me explica por quê está todo mundo assim, nessa letargia/desânimo/tristeza generalizados? É aquela, né. Endemia.

Editorial

E assim nasce esse blog, de uma conversa na cantina da faculdade de Jornalismo e de um momento genial no ponto de ônibus. Mais um daqueles projetos que não dão certo, mas que colocamos em prática. Um lugar pras menininhas másculas colocarem suas idéias e ideais às vezes feministas, às vezes fúteis, do tipo "agudo nas vogais quando fala de bolsas em promoção". A gente adora um sapato bonito e confortável, café, um bom filme, um bom livro, uma boa bolsa, uma boa cerveja; e céus, um bom cabelo, por favor. A gente fala com voz fina e delicadeza, mas usa "porra" como ponto final em quase toda frase.


De Bukowski a Prada, de Johnny Depp a Porras. É, o jogador, porra.